domingo, 11 de novembro de 2012

Argo

Sempre me surpreendo com o Ben Affleck. Apesar de não gostar muito da forma que atua, já na direção acho ele bom. E foi em "Argo" que ele me convenceu disso.
Assisti anteontem, com dois amigos, o filme "Argo", dirigido e estrelado por Ben Affleck, que me deixou tensa em muitas cenas. É uma história impressionante e baseada em fatos reais sobre a relação do Irã e os EUA. Em 1979, ocorreu a revolução islâmica, que tirou o xá Reza Pahlevi e colocou o aiatolá Ruhollah Khomeini no poder. Revoltados com o governo americano que deu asilo político ao xá, em novembro de 1979, os revolucionários invadiram a embaixada norte-americana do Irã, em Teerã. Durante a invasão, seis diplomatas americanos conseguiram fugir e se refugiaram na casa do embaixador do Canadá. Os outros 52 americanos foram sequestrados pelos seguidores de Khomeini e ficaram presos por 444 dias. "Argo" conta o que aconteceu com os seis que conseguiram escapar e como a CIA tentou resgatá-los.
O oficial da CIA, Tony Mendez (Ben Affleck) contratou os serviços do maquiador John Chambers (John Goodman) e do produtor Lester Siegel (Alan Arkin) para criarem um falso filme, "Argo", cuja história de ficção científica poderia ter como set de filmagens o Irã. Mendez se sente sozinho, deu um tempo com a mulher e vê muito pouco o filho. É dele a ideia de fingir filmar um filme para salvar os diplomatas. Mas, isso deve acontecer rápido, pois a qualquer momento os iranianos poderiam perceber que faltavam seis e iriam atrás deles.
Os altos oficiais do governo aprovam o plano e Mendez patrocina o anúncio do filme, a contratação de atores, publicidade e até coletiva de imprensa. Tudo para provar ao Ministério da Cultura do Irã que precisavam entrar no país para supostamente usar o país como uma das locações da produção com roteiro de naves espaciais e alienígenas.



Apesar do alívio cômico proporcionado por Arkin e Goodman, Affleck constrói uma narrativa dramática e tensa. Durante todo o filme, o telespectador fica nervoso pelo medo de o disfarce ser descoberto. O filme consegue interagir com o espectador e faz ele entrar na história. A realidade dos iranianos é retratada de forma clara e creio que até exagerada, mas é muito interessante ver o choque de culturas.

Em uma entrevista que vi na TNT, Affleck diz como todos os atores que ele escolheu são muito parecidos com os personagens reais. "Eu sou o único que não pareço, mas não ia me demitir né?" disse Affleck. E realmente, após o fim do longa, junto com os créditos aparecem fotos de todos, e são praticamente iguais, é impressionante. Isso faz com que o filme pareça ainda mais real e sentimos melhor como foi toda essa história emocionante.

Tudo que aconteceu e é narrado no filme não foi divulgado para o mundo na época. Era um segredo político americano. Foi só no governo de Bill Clinton, em meados dos anos 2000, que foi revelado ao público e todos puderam conhecer a história de Tony Mendez, que ganhou medalha de herói na época.

Sinto que Affleck conseguiu chegar a maturidade como diretor. Esse filme tem grande chance de concorrer a 85ª edição do Oscar. Já recebeu elogios e teve uma boa recepção em festivais de cinema. Mesmo quem tem um certo preconceito com esse diretor, ignore e assista! Eu me surpreendi.